O médico e o monstro
O Facebook de Freud |
Tenho a impressão que varias destas sabedorias que adquiri enquanto fazia análise guardam uma íntima relação com a sabedoria propiciada pela forma de interação usufruída pelos milhões de humanos pertencentes a redes sociais como o Facebook. Olhadas da perspectiva terapêutica (therapeia), o modo de produção da cura que cada um propicia, o analista e o Facebook, merecem ser contrastadas e aproximadas.
Conversas interiores, como as designa meu amigo Fred, são coisas complexas. Elas procuram (re)conciliar a solidão do silêncio da reflexão com uma imagem dialógica do exercício desta reflexão. Um novo existencialismo. É nele que aposta Fred e todos aqueles que, mesmo sem saber, não abdicariam jamais da sabedoria que a psicanálise lhes trás, digo, nos trouxe. Por mais de uma década, estive oblívio a este conhecimento que conversas interiores nos trazem. Nunca havia percebido que, no divã, o psicanalista precisa passar desapercebido. São conversas interiores as que travamos ali.
O monstro internáutico é menos poderoso, cobra menos, constrange menos, produz menos intimidade, e as conversas, escritas ou videofônicas, tem um interior menos saliente. A sacralidade dos ritos de ir fazer análise, horário imperdível, indesmarcável, constrastam com a devassidão dos encontros e abalroamentos que acontecem na rede social. Psicanálise demanda profundidade, silêncios mântricos, economia semântica de palavras. Rede social demanda menos. Apenas contato, curtir ou não, e uma economia, não semântica, mas ortográfica de palavras. Seus silêncios, e isto importa, não são mântricos, mas são igualmente silenciosos. Pois quem está na rede social, navegando o Facebook, em geral, está fisicamente isolado com seu aparelho de acesso, um celular, iPad ou computador.
Solidão, a poeira leve, une os modo curandi da análise e da rede social. O silêncio, nome farsante das nossas conversas interiores, une seus usuários. Tenho a impressão que vivemos em um mundo em que pensamos demais e falamos de menos. Aonde isto vai parar?
O monstro internáutico é menos poderoso, cobra menos, constrange menos, produz menos intimidade, e as conversas, escritas ou videofônicas, tem um interior menos saliente. A sacralidade dos ritos de ir fazer análise, horário imperdível, indesmarcável, constrastam com a devassidão dos encontros e abalroamentos que acontecem na rede social. Psicanálise demanda profundidade, silêncios mântricos, economia semântica de palavras. Rede social demanda menos. Apenas contato, curtir ou não, e uma economia, não semântica, mas ortográfica de palavras. Seus silêncios, e isto importa, não são mântricos, mas são igualmente silenciosos. Pois quem está na rede social, navegando o Facebook, em geral, está fisicamente isolado com seu aparelho de acesso, um celular, iPad ou computador.
Solidão, a poeira leve, une os modo curandi da análise e da rede social. O silêncio, nome farsante das nossas conversas interiores, une seus usuários. Tenho a impressão que vivemos em um mundo em que pensamos demais e falamos de menos. Aonde isto vai parar?